quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Problemas no desempenho x distúrbios de aprendizagem

Na maior parte da vida escolar de uma criança, é o seu desempenho em provas, trabalhos ou tarefas que é avaliado e não, a sua capacidade para aprender. Para ter bons resultados em atividades assim, é preciso que o aluno tenha, anteriormente, apreendido determinados conteúdos. Se o desempenho nestas avaliações não é o esperado, atribui-se a ele o baixo rendimento. Desconsidera-se uma série de fatores externos que interferem na aprendizagem como, por exemplo, aspectos da própria instituição de ensino: currículos, programas, formas de avaliação, métodos de ensino, atitudes dos professores, condutas disciplinares. Muitas crianças acabam sendo encaminhadas aos serviços especializados em distúrbios de aprendizagem com queixas como desatenção, hiperatividade, desinteresse e indisciplina. Interessante que comportamentos e atitudes como estes podem ser demonstrações de insatisfação com a maneira como, ainda hoje, muitas escolas tentam impor conteúdos a serem assimilados e o que é pior, associar disciplina à passividade. Questionadas com relação a sua capacidade de aprendizado, estas crianças acabam acreditando na existência de distúrbios que as impedem de aprender. Muitas vezes, durante atendimento feito por profissionais especializados, são surpreendidas com resultados acima da média em avaliações que não exigem nenhum conhecimento prévio. Surpreendidos também são aqueles que fizeram o encaminhamento, acreditando que o problema era mesmo do aluno. Não é que os problemas orgânicos não existam, mas em muitos casos, os comportamentos considerados inadequados precisam ser melhor contextualizados, para que as crianças não carreguem sozinhas toda a responsabilidade pelo fracasso escolar.

5 comentários:

  1. Ainda estou sob o impacto dos comentários da dislexia... 0 comentários aqui, uma saraivada lá...

    Aqui, acho eu, vc definiu as bases do que diria lá. Retirar um pouco o peso do componente orgânico dos diagnósticos para podermos ter campo de manobra para soluções participativas. Com o que concordo.

    Mas em conjunto o que me chamou a atenção é a complexa relação de expectativas (e quebras de expectativas) de todos os lados...

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  2. Pois é Paulo. Muitas vezes, trocas que poderiam ser tão ricas, acabam prejudicadas por interpretações equivocadas. Uma pena, né?

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  3. Eu diria dogmáticas... não em relação à ciência em si, mas em relação a um dogma explicador e ordenador de uma situação complexa que se monta entre os pais e as expectativas em relação aos filhos. Mas estou tateando aqui...

    Vê se não apaga meus comentários :)

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  4. Todos os comentários que me bombardearam foram publicados. Vc acha mesmo que eu apagaria os seus? rssss. De jeito nenhum. Foi um engano mesmo. Obrigada pela participação.

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  5. Imagino o stress, mas não perca o pique, ou melhor não desanime. Há muitos outros pontos a explorar.

    Sei que devem existir momentos como Gabriel na janela, Pedro na porta ou Marco pentelhando (não resisti), que geram um post que talvez tenha um sentido universal, um 'momento poético' que pode dizer algo a mais alguém. Oi, cara de bunda, serve tb.

    Enfim, eu não li todos seus textos ainda, mas passando uma olhadela assim... que legal! não desanime!

    Também não deixe de dizer o que pensa na conversa mais hardcore, ou técnica, polêmica, como quiser, com tempo terá seu público.

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