quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ao meu adolescente



Eles viram adolescentes e a gente, pais de adolescentes. Pela primeira vez na vida. Parece que virar mãe é tão mais fácil! Tão mais natural. Mais instintivo. Os bebês estão ali. Nossos. Entregues. Quase cabem nas nossas mãos. Já eles, os adolescentes, vão escorregando delas cada dia um pouquinho mais. A gente quer (e tenta) ser modelo, mesmo sabendo que não é. Torce (e cobra) que escolham os caminhos mais corretos. Mais retos. Menos dolorosos. Mesmo sabendo que dores serão inevitáveis. E essenciais. Ser mãe de adolescente tem sido pra mim mais perguntas do que respostas. Às vezes, concordo com alguns que acham que os pais precisam ser amigos dos filhos. Outras, com os que acreditam que pais são pais e não amigos. E nessa confusão, ora sendo amiga ora mãe, vou tentando colocar os tais limites. Mas sem ser autoritária. Dizem (alguns) que é com autoridade que se coloca limites, o que é bem diferente de ser autoritário. Mas na prática, na hora daquele “não” que a gente não sabe muito bem como dizer, é tão diferente! É tão mais difícil do que a gente pensava que seria! Afinal, como é dizer “NÃO!” com autoridade sem ser autoritário? É conversando? Explicando o “não”? Mas daí vem eles. Cheios de argumentos (alguns bem bons). E diante deles (dos argumentos), nossos “nãos” podem ir por água abaixo. Mas dizem (alguns) que a gente PRECISA manter o “não”. TEM que ser firme. JAMAIS amolecer. Mas não pode então rever? Nunca? E quando é aquele “não” que a gente tanto questionou quando foi a nossa vez de tornar nossos pais pais de adolescentes? Daí é uma confusão só. Já sei! É a hora de lembrar que pais são pais e não amigos. E quando a gente acredita que “limite” não é só aquele que a gente tem que colocar. Mas é também aquele que a gente tem que respeitar. O limite DELES. O quarto DELES. O computador DELES. O segredo DELES. Mas daí dizem (alguns) que a gente tem sim que dar uma vigiada, uma “bisbilhotadinha”. Será? Com isso, eu quase nunca concordo. Até porque acho que quando estamos verdadeiramente conectados com eles, não precisamos de sinais. A gente sabe. A gente sente. Só de olhar pra eles. Mas mesmo assim, fica sempre aquela pontinha de dúvida. Será que, ao invés de respeitosa, posso estar sendo negligente? Quantas vezes, a gente se pega ensinando coisas que a gente ainda nem aprendeu direito. E quantas a gente aprendeu até que bem, mas só depois das nossas próprias experiências e não das que tentaram nos passar prontas. Sempre achei que o bom aluno é aquele que pergunta mais do que responde. Por isso, quero seguir cheia de perguntas. Não sei se pra ser amiga ou mãe do meu filho adolescente. Mas pra ser boa aluna e  acertar mais do que errar. E pra quando errar, ter a humildade suficiente pra dizer a ele que errei. Que pisei na bola. Afinal, a gente pede tanto a eles que assumam as coisas. Que nos digam a verdade. Que confiem na gente. Quero seguir confiando nele que até hoje não me deu razões pra não confiar ou me decepcionar. E acho que não vai dar. Obrigada meu filho! Pela pessoa linda que você é e por me encher de perguntas. Um beijo com muito amor da sua mãe. E amiga.