terça-feira, 15 de setembro de 2009

Por que da direita para a esquerda?

É comum que alunos de segunda e terceira séries (agora terceiro e quarto anos) consigam resolver contas de adição de números de dois algarismos, armados como se ensina na maior parte das escolas, um sobre o outro, com um traço para que o resultado seja colocado abaixo (a isto se dá o nome de algoritmo - no Aurélio, 1. Mat. Processo de cálculo, ou de resolução de um grupo de problemas semelhantes, em que se estipulam, com generalidade e sem restrições, regras formais para a obtenção do resultado, ou da solução do problema). As crianças devem somar as unidades e em seguida, os números da esquerda que correspondem às dezenas. Só que ao somarem estes, é comum tratá-los como se fossem unidades também. Se mostrarmos a elas um número qualquer com dois algarismos (23 por exemplo) e pedirmos que peguem palitos correspondentes a esta quantidade, farão isso com facilidade. Em seguida, se circularmos apenas o número 3, pedindo que peguem a quantidade de palitos correspondentes, também não terão dificuldade nenhuma. No entanto, ao circularmos o número dois, pedindo a mesma coisa, muitas pegarão apenas 2 palitos e não 20. Dezoito, portanto, continuarão sobre a mesa. Isto é a prova de que ainda pensam em dezenas como se fossem unidades. Se as crianças puderem, por meio de jogos, por exemplo, encontrar suas próprias estratégias de soma sem preocupação com os tais algoritmos , provavelmente, pensarão primeiro nas dezenas (como dezenas) e só depois nas unidades. Ou seja, somam mentalmente, da esquerda para a direita. As escolas, muitas vezes, vão contra a natureza das crianças e impõem, precipitadamente, maneiras de pensar que só dificultam a aprendizagem. Isto tudo só pra falar que nem sempre é justo dizer que uma criança tem dificuldade de aprendizagem. A questão precisa sempre ser vista de maneira muito mais abrangente. Além dos conhecidos e tão falados problemas de aprendizagem, há também os não tão conhecidos problemas de ensino.

3 comentários:

  1. Coincidentemente conversava sobre isso com o meu barbeiro. O filho tem quatro anos e não quer mais ir para a escola de jeito nenhum. Sugeri a ele que, em vez de seguir o conselho da escola, levá-lo na marra, procurasse investigar o que a escola quer que ele faça.
    Aí o cara contou que é sistema objetivo e quer alfabetizá-lo o quanto antes. Não sou do ramo mas dou meus pulinhos, hehehe. Te amo! Parabéns, seu blog está uma delícia de ler.

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  2. Ola, Alexandra,
    Estudei com o Marco na Metô e cheguei ao seu blog por um comentário que voce deixou no blog dele. Vou adorar seguir o seu blog, pois vivo com marido e filha, a Lara, de 4 anos e não tenho familia por perto. Adoraria que voce escrevesse algo sobre aprendizagem de linguas e, se me permitir, gostaria de sugerir outros topicos tambem. Acho que é diferente do que ler um artigo na net ou em revistas e não ter como interagir com o autor. Blog é bom por isso, né?
    Ah, tem um caso na escolinha da minha filha de uma menininha de quase 4 anos que não fala nada além de MAMA para pessoas e de DA ( que aqui quer dizer "lá")quando quer alguma coisa. Ela tem 2 irmãs mais velhas e parece que não há estimulo em casa. A existencia de problemas físicos já foi excluida. Tem alguma técnica que pode ser usada para fazer essa garotinha, lindinha, falar?
    Obrigada, beijos e bem vinda aos blogs.

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  3. Marco, se eu fosse o filho do seu barbeiro, tb não deixaria que me alfabetizassem, rssssss.
    Olá Arlete, já andei dando umas voltinhas pelo seu blog também. E de quebra, vou conhecendo Bonn. É claro que você pode sugerir temas. Só não sei se vou poder atender. Quanto a esta menininha, não dá pra sugerir nada sem que se investigue antes por que razões ela está demorando para falar. Obrigada pela visita. Venha sempre.

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