sábado, 29 de janeiro de 2011
Não há manual para educar filhos
Quando morávamos em São Paulo, nosso primeiro filho, que hoje está com 14 anos, dormia todos os dias no carrinho, passeando por Higienópolis. Eu adorava aqueles nossos passeios noturnos. Quando viemos para o interior, o balanço do carrinho foi substituído pelo da rede na varanda. Se estávamos na casa da avó, sem rede e sem Higienópolis, saíamos de carro pra dar uma volta pela cidade. O segundo filho, hoje com três anos, resiste menos para dormir. Mas teve também sua fase de pegar no sono rodando de carro. Escutei muita música e pensei muito na vida nessas voltinhas. Era gostoso pra mim também. Não acho que estes hábitos tenham causado algum mal. Nunca gostei da literatura que dá receitas de como educar o seu bebê. Faça assim e assado para que seu filho: durma a noite inteira; largue chupeta e mamadeira; não chore de madrugada; mame no peito nas horas certas; coma tudo; etc, etc, etc. Muitas vezes, as fórmulas “mágicas” são extremamente burocráticas e trabalhosas. Você desiste antes mesmo de tentar. Além disso, elas desconsideram as peculiaridades de cada família. Não dá pra exigir, por exemplo, soluções que exijam disciplina e organização, de um casal boêmio. Sugerir que o casal mude de vida? É uma possibilidade. Mas essa mudança levaria tempo e talvez não desse para aplicar os resultados na educação do bebê, que cresce tão rapidamente. O que é ideal pra uma família pode não ser para outra. Há bebês que não querem chupeta. O meu primeiro não quis. Já o irmão, aceitou de cara e ainda precisa dela pra dormir. Tá na hora de largar? Tá. Mas isso vai acontecer já já. Talvez por isso, dormir tenha sido mais fácil pra ele. Lembro que o mais velho acordava às vezes de madrugada pronto pra brincar. O mais novo, se acorda, pega sua “pepê” e logo em seguida, pega no sono novamente. Filhos dos mesmos pais, mas em momentos diferentes. Tivemos o segundo com quase quarenta, e a chupeta, tão pouco recomendada, foi uma bênção. Uma grande aliada. Não há regras rígidas. Não deveria haver receitas. É claro, que o bom senso é sempre bem vindo. Subir e descer o elevador milhões de vezes para o bebê dormir, é extrapolar. Quantas mães são orientadas, burocraticamente, a dar tantas mamadas por dia, de tanto em tanto tempo, sentadas na postura tal, durante tantos meses, olhando e sorrindo carinhosamente para o bebê. "O leite materno é insubstituível e deve ser dado até os seis meses, impreterivelmente". Quantas noites a mãe está sem dormir, se está exausta, se os bicos do seio estão rachados, nada disso importa. Nestes casos, será que não seria preferível uma boa troca entre ela e o bebê, com mamadeira e não seios? Será que não seria mais benéfico do que o leite materno a qualquer custo? Há mães que conseguem, resignadamente, passar por tudo isso e garantir as mamadas até os seis meses. Mas há outras que não conseguem e precisam (e podem) encontrar um outro caminho. Muitas vezes, a orientação de um profissional é necessária. Mas ela só deveria ser dada depois de muito escutar a família. Não se pode pedir aos pais, mudanças que dificilmente conseguiriam cumprir. Isso só traria culpa e mais ansiedade, podendo até acentuar as queixas que os levaram a buscar ajuda. Um casal deve ser estimulado a acreditar que os recursos pra educar um filho estão dentro dele e não nos milhares de manuais que há por aí. Certamente, irão errar em muitas situações. Mas um tanto de condições adversas também pode contribuir para um desenvolvimento saudável.
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Apesar de sempre procurar ser a perfeita com minhas queridas filhas, e seguir todas as orientações que me foram dadas e lidas, achei muito interessante suas considerações. Hoje vejo que devemos sim achar outros caminhos para o bem de todos da familia, sem deixar a mãe sempre em segundo plano.
ResponderExcluirBjos Vera Lucia Mello
Não houve timing melhor para ler o seu post. Aqui na Alemanha, temos que levar os bebes para checkups rotineiros e oficiais. Caso não o faça, recebe uma carta chamando a sua atenção e ameaçando a visita do "Juizado de Menores". Levei meu bebe para o exame do primeiro mes e fiquei com receio de dar a chupeta a ele enquanto estavamos no consultorio, achando que o medico fosse nos criticar.
ResponderExcluirAo fazer o exame de ultrassom dos quadris do bebe, este não parava de se mexer e chorar e então o medico perguntou se nos não estavamos com a chupeta pra dar pro bebe ficar quietinho. Muitas vezes, a gente deixa de agir conforme nossos instintos e ideias por causa do que outros vão dizer.
Tenho amamentado e estou muito cansada por ter tambem quebrado a costela. Não quero parar de amamentar mas vou introduzir a mamadeira pra facilitar a vida da familia inteira, já que não temos ninguem que nos ajude por aqui.
O vizinho da minha sogra, em Curitiba, costumava embalar o sono do bebe dentro do carro, mas em vez de dar voltas, ele ficava em frente do predio indo pra frente e pra tras com o carro, o que irritava os vizinhos um bocado.
Quando a minha primeira filha nasceu, comprei um livro da Tracy Hogg, a encantadora de bebes. O que me agrada nela é a flexibilidade. Ela orienta e voce decide o que fazer, só pra não dar tiro as escuras. foi bom e está sendo bom agora tambem.
Realmente não existe norma para educar.Como bem disse vc,o bom senso não pode faltar.Eduquei da forma "certinha",e fui bem sucedida. Sim,depende muito da criança,do nosso momento...mas,
ResponderExcluirconvenhamos,que somos nós, os responsáveis pela maneira mais trabalhosa.Um beijo.