quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quando não tem ninguém olhando

Tenho escutado de muitas pessoas que votar em um dos candidatos, é ser conivente com o vale- tudo das campanhas e com os casos de corrupção, antigos e recentes (estes, bem mais lembrados). Não tenho dúvidas em relação à trajetória absolutamente íntegra da ex-candidata Marina Silva. Mas tenho dúvidas, e muitas (acho até, que tenho a certeza absoluta do contrário) de que ela, na presidência, conseguiria livrar nossa nação destas práticas tão indesejáveis. Não acredito que isto vá acontecer num movimento de fora para dentro. Mas sim, em consequência de uma transformação profunda em nossa sociedade. Lenta, gradual e pela qual cada um de nós é responsável. O problema do desvio moral, na minha opinião, é de toda a sociedade. Está presente em muitas práticas aparentemente irrelevantes de todos nós. Os exemplos são infinitos: um comercinate erra no troco, te dá dinheiro a mais e você não fala nada; você sabe que não pode jogar lixo no chão, não tem ninguém olhando e você joga; você sai com seu cachorro para passear, ele faz cocô na calçada do outro e você finge que não viu; você precisa transferir seu carro, mas sua documentação não está em ordem e você paga para um despachante dar um jeitinho; você sabe que vai ter um evento concorrido na sua cidade e usa seus contatos para conseguir acesso privilegiado. Acredito que serão necessárias ainda muitas gerações para que a nossa sociedade seja predominantemente (nunca totalmente) constituída por sujeitos que tenham uma formação moral sólida e, portanto, refratária a situações que privilegiem a sua vida pessoal em detrimento da coletividade. Eu não espero ver nos próximos quatro anos o fim da corrupção na política. Não tenho mesmo essa ilusão. Mas quero, neste momento, tomar partido. E tomar partido é escolher o lado que mais se aproxima das minhas convicções. Mesmo sabendo que tomar partido é correr o risco de, daqui a quatro anos, ter que assumir o erro da minha escolha, se este for o caso. Dilma. 13. Este é o lado que escolhi.

3 comentários:

  1. Olá Alexandra

    Vim para aqui através do blog Doladodelá, quando vi seu post lá, vim pra cá, pois percebi que sua abordagem sobre o seu voto em Diuma era, pra mim, no mínimo inusitada. Tinha um quê de olhar o mundo diferente do que vinha acompanhando até agora visitando blogs de jornalistas. Quando olhei seu perfil, eu falei - pronto ! Só podia ser uma psicóloga ! Não podia dar outra.

    Fiquei refletindo como a profissão de cada um deixa uma marca indelével em nosso ser, em nosso agir e principalmente em nosso pensar. E nesse aspécto, considero vcs psicólogos abençoados, digamos assim, pois é nítido e notório pra qualquer um com um resquício de sensibilidade que o olhar de vcs é uma giro de 360º no que diz respeito a natureza de cada um, de si mesmos e do mundo que os cerca. Lógico que não são todos os de sua profissão, mas pelo uma boa parte dos que conheci e li (que não foram tantos, é claro).

    Alexandra, sou professora de ed. física, trabalhos escolas públicas no rio de janeiro e sou estudante de temas sócio-educacionais, e registro aqui um grande obrigada por nos proporcionar em seu espaço esse olhar que salta da mesmície dos relatos padrão sobre homem e sociedade.

    Gostaria, se possível, que vc pudesse resignificar a questão do voto nulo e branco como reflexo do padrão brasileiro de pensar e agir na política, bem como suas implicações no que diz respeito a nossa forma de encarar nossas distorções.

    Um abraço.

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  2. Gostei de suas considerações...Penso também que temos que mudar nossas posturas,para que sejamos bem representados... Tenho posição contrária,apenas quanto ao candidato a presidência.Voto Serra-45...rsrsr... Um beijo..

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  3. Também acredito que lentamente as pessoas mudarão seus hábitos, em razão de outras pessoas mudarem... acho que uns 18 anos atrás, comprando uns livros num cebo na rua augusta, comprei uma Bíblia, que devorei de capa a capa, mas tempos depois é que descobri que se precisava meditar, para compreender, que há um Deus nos olhando, e aí, a partir daí, deixei de fumar, de jogar qualquer coisa no chão, de falar palavrão, aprendi que futebol é esporte e não guerra, não tem inimigo, tem adversário, mais um monte de coisa... e continuo aprendendo, e como, a ser melhor como pessoa, então acredito que possa acontecer com outras pessoas sim... pois quando não tem ninguém olhando... claro que Deus está nos olhando.
    Diz que 'o temor (respeito na prática) a Deus, é o princípio da sabedoria.'
    (o hábito não faz o monge, não basta ser sacerdote, veja quanta hipocrisia e violência praticada pela igreja de roma, e outros profetas velhos), procure na web o livro a 'História Secreta dos Jesuítas'.
    Kisses
    Thanya

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