_ Você conhece o J. da sua escola?
_ De que ano?
_ Sétimo.
_ É um de cabelo bem raspadinho?
_ É. (a inicial do nome e as características da criança não são verídicas)
_ Conheço. Nossa, ele é tão chato mãe!
_ Por que?
_ Ah. Sei lá.
_ Você acha que ele é um aluno vulnerável a sofrer bullying?
_ Acho.
_ Por quê?
_ Ah. Todo mundo fica zoando com ele. Empurram.
_ E você sabia que ele tem uma inteligência acima da média?
_ É mesmo? Mas por que então ele ficou num monte de recuperação?
_ Porque alguma coisa está interferindo no desempenho dele. Não é por falta de capacidade.
_ Nossa! Mas parece que ele tem algum problema, sei lá.
_ Você sabia que pode jogar com ele de igual pra igual? Quatro em linha, combate, dama e até gamão. Ele tem um raciocínio lógico brilhante.
_ Sério?
_ Sério. Ele joga melhor que muitos alunos. Venceria muitos. Seria tão legal se os colegas pudessem conhecê-lo melhor né? Acho que iam se surpreender, você não acha? Que iam descobrir muitas coisas legais nele.
_ Poxa mãe. Vou dar um toque nos meus colegas pra pararem de zoar com ele.
_ Legal filho. Faz isso sim. Todos os lados vão ganhar. Vocês podem descobrir um amigo bem bacana. E olha, ele está sofrendo bastante, viu? Está se sentindo muito sozinho.
Esse é um papo que tive ontem com meu filho de 14 anos e que fez muito bem pra nós dois. Estou trazendo pra cá só pra ilustrar como a gente pode ajudar. E não ajudar quem sofre o "bullying" (entre aspas porque resisto aos rótulos que são cada vez mais utilizados para tratar questões tão amplas), mas os que cometem, ou os que podem vir a cometer ou ainda, os que apenas observam e não sabem o que fazer. E nem mesmo direito o que pensar. Os adolescentes, todos, precisam de mais informação. Não adianta recriminá-los quando acaba de ocorrer um episódio que pode caracterizar bullying. E daí separá-los em dois lados: o das vítimas e o dos vilões. É nos momentos de paz que precisamos conversar com eles para sensibilizá-los e sugerir que se coloquem no lugar de um outro. Na hora que a coisa acontece, as emoções estão à flor da pele e tudo fica muito nebuloso. Vamos perguntar a eles se têm algum colega que pode estar sofrendo, que pode estar triste, sozinho, sem amigos. Vamos escutar o que eles têm a nos dizer sobre tudo isso. E não esperar que cometam ou sofram violência (psicológica ou física) para só então chamá-los pra conversar. Eles esperam isso de nós. Eles gostam de falar sobre isso. Eles precisam. Todos eles. Os que estão agredindo precisam da mesma ajuda que precisam os que estão sendo agredidos. Se com este papo eu conseguir que meu filho sensibilize ao menos dois amigos, já fico muito feliz. Quem sabe esses dois façam o mesmo. E a rede cresce em proporção geométrica. Uma boa maneira de aplicar o conhecimento que a escola tenta transmitir.
O pais não precisam ser perfeitos. O que os pais precisam é se dedicar de verdade a educar seus filhos. Para depois não se perguntarem: - Onde eu errei, meu Deus? Dá trabalho, mas muito menos do que esperar as incertezas do futuro.
ResponderExcluirops....corrigi os errinhos.
ResponderExcluirMuito bom o seu texto!Nada como uma conversa amiga,com os filhos!Esta é a melhor forma de tê-los ao nosso lado,colaborando com as coisas que acreditamos...Parabéns mãe!Um beijo!
ResponderExcluirBom dia Xan!
ResponderExcluirTextos como este ajudam a amenizar a dor dos que vivem a diferença!
muito bom!
BEIJOS NO CORAÇÃO
Sumaia